AUDIÇÕESTeclas em 3 dimensões
Por estes dias, tardes e noites, a discussão não raras vezes ronda a cena electrónica lusa. A discussão não é fácil, as opiniões dividem-se mas o facto é que as máquinas vão ganhando um espaço cada vez maior. Avançamos com três propostas diferentes: uma mais virada para a cena actual do Electro-Punk, outra mais orientada para as pistas e uma última, virado para onde calhar. É já um nome histórico da electrónica lusa.
"Feeding the Machine" - X-Wife (2003/NorteSul)
Poucos geraram tanto amor e desamor de uma vez só como os X-Wife. Com guitarra, baixo e máquinas no centro do ritual, os X-Wife fazem a festa com João Vieira aka DJ Kitten à cabeça. Outros gritam: que raio, onde ouvi eu isto?
Original ou não (mais para o não e isso é claro), o disco dos X-Wife cria um ambiente poderoso, cimentado no electro-punk da moda, que nos leva facilmente para uma imagem de irreverência, de poder, de energia constante. Não traz grandes novidades mas sendo um disco simples, vence pela força do punk que emerge da maquinaria bem acompanhada pela guitarra e pelo baixo, na criação de temas simples, moles de ouvido e que o falsete por vezes ajuda a enrolar.
No fundo, falamos do eterno confronto qualidade/funcionalidade. Sendo a qualidade até algo discutível (admitamos), em termos de funcionalidade tanto o disco como os X-Wife vão funcionando e bem. Bastante bem mesmo.
Cumprem o seu objectivo (por agora).
Original ou não (mais para o não e isso é claro), o disco dos X-Wife cria um ambiente poderoso, cimentado no electro-punk da moda, que nos leva facilmente para uma imagem de irreverência, de poder, de energia constante. Não traz grandes novidades mas sendo um disco simples, vence pela força do punk que emerge da maquinaria bem acompanhada pela guitarra e pelo baixo, na criação de temas simples, moles de ouvido e que o falsete por vezes ajuda a enrolar.
No fundo, falamos do eterno confronto qualidade/funcionalidade. Sendo a qualidade até algo discutível (admitamos), em termos de funcionalidade tanto o disco como os X-Wife vão funcionando e bem. Bastante bem mesmo.
Cumprem o seu objectivo (por agora).
Alinhamento: 01 New Old City; 02 Eno; 03 Fall; 04 Second Best; 05 Action Plan; 06 Clinic; 07 The Sound Of You; 08 Rockin'Rio; 09 Outside; 10 We Are; 11 Taking Control
www.x-wiferocks.com
"Eurovisão" - Repórter Estrábico (2004/Ed.Autor)
Ao fim de 19 anos e 5 discos, Luciano Barbosa continua a tentar levar a sua em frente, criando um disco que fica algo longe de alguns dos seus antecessores.
Não posso omitir, os Repórter Estrábico têm piada, continuam a tê-la e muita, mas pouco mais do que isso. Têm piada não só pelo que dizem mas também pela persistência e crença que depositam no seu trabalho. Pela verdade.
"Eurovisão" é um disco político, marcado por uma crítica social venenosa e musicado às vezes, por uma electrónica meio-kitsch que quase sempre se envolve em redundâncias pouco criativas. Há neste disco um nítido ascendente da importância do texto, da mensagem e aí, o disco é forte e interessante tal as picadas mordazes que inflige.
Com tudo isto, o disco peca decisivamente por uma musicalidade pouco criativa, salvo raras excepções...
Não posso omitir, os Repórter Estrábico têm piada, continuam a tê-la e muita, mas pouco mais do que isso. Têm piada não só pelo que dizem mas também pela persistência e crença que depositam no seu trabalho. Pela verdade.
"Eurovisão" é um disco político, marcado por uma crítica social venenosa e musicado às vezes, por uma electrónica meio-kitsch que quase sempre se envolve em redundâncias pouco criativas. Há neste disco um nítido ascendente da importância do texto, da mensagem e aí, o disco é forte e interessante tal as picadas mordazes que inflige.
Com tudo isto, o disco peca decisivamente por uma musicalidade pouco criativa, salvo raras excepções...
Alinhamento: 01. Eurovisão; 02. Caracoroísmo; 03. Sr. Arrumador; 04. Biltre!; 05. Charlie Don't Surf; 06. Weather Girl; 07. Briclonage; 08. Velcro; 09. Quality Stress; 10. Ou Vai ou Racha
www.reporterestrabico.com
"Sonic Fiction" - Spaceboys (2003/Nylon).
Sensacional!
Sendo uma das mais interessantes experiências musicais de 2003, os Spaceboys criaram o seu espaço no panorama electrónico luso. O rigor e a elegância sonora de um disco pleno de inteligência e competência, fizeram deste um dos melhores de 2003.
Num sentido contrário ao da futilidade, ao do plástico electrónico, os Spaceboys servem-nos um disco cheio de uma energia cativante, que nos transporte para paragens distantes num balanço agitado do esqueleto. Excelente som, excelente experiência.
Grandes, grandes participações de Kika Santos, Kalaf e Valerie Etienne.
Sendo uma das mais interessantes experiências musicais de 2003, os Spaceboys criaram o seu espaço no panorama electrónico luso. O rigor e a elegância sonora de um disco pleno de inteligência e competência, fizeram deste um dos melhores de 2003.
Num sentido contrário ao da futilidade, ao do plástico electrónico, os Spaceboys servem-nos um disco cheio de uma energia cativante, que nos transporte para paragens distantes num balanço agitado do esqueleto. Excelente som, excelente experiência.
Grandes, grandes participações de Kika Santos, Kalaf e Valerie Etienne.
Alinhamento: 01 Dizzy Odysseys; 02 In an outer Space (featuring Kika Santos); 03 I'm with the Underground; 04 Shooting Star; 05 Moonshrine (featuring Kalaf); 06 Driva'man; 07 Space is the Place 2003 (featuring Valerie Etirnne); 08 I Was Here; 09 Eclipse; 10 Moonshrine (Swag Full Moon Dub)